A massa

Posted on 18:37

A dor da gente é dor de menino acanhado
Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar
Que salta aos olhos igual a um gemido calado
A sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar
Moinho de homens que nem girimuns amassados
Mansos meninos domados, massa de medos iguais
Amassando a massa a mão que amassa a comida
Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais

A dor da gente é dor de menino acanhado
Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar
Que salta aos olhos igual a um gemido calado
A sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar

Quando eu lembro da massa da mandioca mãe, da massa
Nunca mais me fizeram aquela presença, mãe
Da massa que planta a mandioca, mãe
A massa que eu falo é a que passa fome, mãe
A massa que planta a mandioca, mãe
Quand je rappele de la masse du manioc, mére
Quando eu lembro da massa da mandioca

Lelé meu amor lelé no cabo da minha enxada não conheço "coroné"
Eu quero mas não quero (camarão). minha mulher na função (camarão)
Que está livre de um abraço, mas não está de um beliscão
Torna a repetir meu amor: ai, ai, ai!
É que o guarda civil não quer a roupa no quarador
Meu deus onde vai parar, parar essa massa
Meu deus onde vai rolar, rolar essa massa


Infinito interno

Posted on 11:16
Acho que me sinto meio Renato Russo, quando o assunto é mundo...pessoas...

Durante duas semanas fiquei enclausurada no meu infinito interior com minhas imagens abusrdas de incompetência ou quem sabe maldade mesmo, frente aos pequenos lapsos de realidade dentro de um ônibus ou dentro da minha própria casa.

Sabe, viver fora do meu infinito interno tá cada vez mais difícil. Acho que ando fugindo disso meio que inconscientemente. Agora não é mais tão inconsciente assim. Mas talvez algo ainda difícil demais pra se controlar.

Talvez meus devaneios me atrasem o suficiente para que a ação seja retardada e não mais necessária naquele contexto... aí tenho que mudar de estratégia, só pra não me ver como uma pessoa tão cruel e egoísta, principalmente hipócrita.

Merda, eu odeio a palavra hipócrita. Ainda mais quando ela se aplica a mim.

Tá vendo por quê me sinto Renato Russo? Eu lamento, choro, me puno. Mas o que eu faço além disso? Me enterrar no meu infinito interno...

Ele tá sempre aqui, sempre disposto a me fazer relaxar, não me sentir culpada ou me distrair quando é necessário. O problema é que eu tô me viciando nisso. A realidade tá ficando cada vez mais distante de mim e isso me assusta. Não quero me sentir como tantos outros (que na verdade não sentem) que discursam maravilhas e prometem a cura para todos os males, mas que na hora 'H' pulam a cerca pro seu infinito interno e só conseguem ver o próprio umbigo.

Bem, acho que já to assim né...=/

Até que ponto vamos ser assim? É que percebo que esse recolhimento pro infinito interno tá virando uma pandemia (estrondoso mesmo!). Eu queria estar errada quanto à necessidade do profundo caos para que haja uma mudança significativa no que está errado.

Hmm... Eu sei que minha fuga só atrapalha. Mas eu também sei que eu sou aberta a mudanças, sou um ser em eterno devir. Eu voltarei a ser a pessoa que se orgulha por ser boa pelo menos o suficiente pra não tentar se esconder dentro de si mesma.

Espero que os que se sentem como eu, tenham a mesma certeza que tenho. Pois a revolução começa dentro de nós.